"Um fantasma ronda a Europa", o fantasma da dissolução do Euro como moeda única e da União Européia como projeto político. Uma questão que ninguém ousava levantar no começo dessa crise já não é mais tabu: Diante da crise financeira que se espalha por toda a Europa, a partir dos países politicamente mais frágeis, pode o Euro sobreviver? Isto é, será que os países em crise terão condições políticas de adotarem as medidas draconianas que França e Alemanha tem exigido deles ao liberarem Euros para amortecer a sana da banca especuladora? Serão, ainda, essas as medidas necessárias para salvar a União Européia e o Euro? Não, a nosso ver, é a resposta para cada dessas perguntas. Mas para cada delas é necessário uma qualificação.
Os problemas que vários países europeus estão enfrentando decorrem da própria constituição interrompida/inacabada da Europa como um estado-nação. A Europa quis constituir uma moeda sem ter um estado-nação. A moeda é uma criatura do estado, como corretamente definiu George Knapp (1904) e seguiu-o John Maynard Keynes (1936). Isso implica que uma entidade política precisa ter soberania para determinar o que servirá como moeda, isto é, o que afinal será usado para definir o que e o quanto se deve e quem e como poder-se-á ter acesso aos meios de liquidação das dívidas ou meios de acumulação de poder liberatório. Os países europeus abriram mão de sua soberania de definir a moeda em que cobravam impostos para assumir o Euro e constituir o segundo maior mercado do planeta. Contudo, não criaram entidades públicas supranacionais para assumir o papel de soberano que corrigisse as óbvias diferenças regionais de poder econômico e político entre os membros. Isso significou, sobretudo para os países mais fracos política e economicamente, abrir mão de sua soberania para serem governados segundo os interesses e políticas dos países mais fortes da Europa. Ao mesmo tempo, com os acordos restritivos do Tratado de Maastricht os países europeus mais fracos ficaram a mercê dos interesses dos agentes financeiros privados que quisessem financiar os déficits desses países.
Os problemas que vários países europeus estão enfrentando decorrem da própria constituição interrompida/inacabada da Europa como um estado-nação. A Europa quis constituir uma moeda sem ter um estado-nação. A moeda é uma criatura do estado, como corretamente definiu George Knapp (1904) e seguiu-o John Maynard Keynes (1936). Isso implica que uma entidade política precisa ter soberania para determinar o que servirá como moeda, isto é, o que afinal será usado para definir o que e o quanto se deve e quem e como poder-se-á ter acesso aos meios de liquidação das dívidas ou meios de acumulação de poder liberatório. Os países europeus abriram mão de sua soberania de definir a moeda em que cobravam impostos para assumir o Euro e constituir o segundo maior mercado do planeta. Contudo, não criaram entidades públicas supranacionais para assumir o papel de soberano que corrigisse as óbvias diferenças regionais de poder econômico e político entre os membros. Isso significou, sobretudo para os países mais fracos política e economicamente, abrir mão de sua soberania para serem governados segundo os interesses e políticas dos países mais fortes da Europa. Ao mesmo tempo, com os acordos restritivos do Tratado de Maastricht os países europeus mais fracos ficaram a mercê dos interesses dos agentes financeiros privados que quisessem financiar os déficits desses países.