Os defensores de seus privilégios tendem a defendê-los como fruto do mérito. A desigualdade, dessa forma, não seria mais do que resultado do esforço de uns (que enriqueceriam) e da preguiça de outros (que empobreceriam). As evidências não corroboram o pensamento elitista acima.
O gráfico acima foi publicado num recente estudo realizado pela Oxfam, ONG inglesa, denominado Governando para a Elite ("Working for the few"). Nele vê-se claramente que países mais desiguais tendem a gerar mais desigualdade meramente por hereditariedade. A chamada Grande Curva de Gatsby mostra o quanto que a renda dos pais determinam as possibilidades de renda dos filhos. Os dados plotados acima mostram que quanto mais desiguais na distribuição de renda, medida pelo indice de Gini, tanto maior é o efeito da renda dos pais sobre o ganho que terão os filhos. Assim sendo, ha uma perpetuação na concentração da renda, a menos que hajam políticas específicas rompendo os elos institucionais que mantém o circulo cumulativo da desigualdade.
Não é surpresa que o Brasil esteja entre os países mais desiguais. Há muito somos o país da desigualdade. Ve-se que no seu grupo circundado em azul, todos países da América Latina, onde a desigualdade de renda é mais intensa, o efeito da renda dos pais sobre a dos filhos é de mais de 50%. Isto é, no Brasil, por exemplo, cerca de 60% da renda dos filhos é determinada pela renda recebida pelos pais. Já nos países nórdicos, agrupados pelo círculo verde, menos de 20% da renda dos filhos é determinada pela renda recebida pelos pais.
Isso mostra que, a despeito de toda a retórica meritocrática da nossa elite econômica, ainda não escapamos do sistema das capitanias hereditárias. Os ricos no Brasil, e na América Latina, não precisam se esforçar muito para continuarem ricos. Não surpreende a grita que se tem ouvido da elite e de parte das classes médias contra políticas que rompem com seu sistema de herança de privilégios. A propósito, o estudo da Oxfam reconhece que o Brasil é dos países que mais tem avançado na distribuição de renda nos anos recentes. Sabemos que o ritmo é lento e o percurso é longo. O poder das elites econômicas e a grita de suas classes médias pelegas e mesquinhas não permitem políticas realmente transformadoras das estruturas seculares de poder e de vassalagem.
Há, contudo, esperanças no front. O mesmo estudo da Oxfam mostra que há consciência de que os ricos gozam de um excessivo poder na determinação dos destinos das nações. No caso do Brasil, como mostra o gráfico abaixo, mais de 70% dos entrevistados pela Oxfam pensam que os ricos tem um poder excessivo sobre os destinos políticos do país.
Não é surpresa que o Brasil esteja entre os países mais desiguais. Há muito somos o país da desigualdade. Ve-se que no seu grupo circundado em azul, todos países da América Latina, onde a desigualdade de renda é mais intensa, o efeito da renda dos pais sobre a dos filhos é de mais de 50%. Isto é, no Brasil, por exemplo, cerca de 60% da renda dos filhos é determinada pela renda recebida pelos pais. Já nos países nórdicos, agrupados pelo círculo verde, menos de 20% da renda dos filhos é determinada pela renda recebida pelos pais.
Isso mostra que, a despeito de toda a retórica meritocrática da nossa elite econômica, ainda não escapamos do sistema das capitanias hereditárias. Os ricos no Brasil, e na América Latina, não precisam se esforçar muito para continuarem ricos. Não surpreende a grita que se tem ouvido da elite e de parte das classes médias contra políticas que rompem com seu sistema de herança de privilégios. A propósito, o estudo da Oxfam reconhece que o Brasil é dos países que mais tem avançado na distribuição de renda nos anos recentes. Sabemos que o ritmo é lento e o percurso é longo. O poder das elites econômicas e a grita de suas classes médias pelegas e mesquinhas não permitem políticas realmente transformadoras das estruturas seculares de poder e de vassalagem.
Há, contudo, esperanças no front. O mesmo estudo da Oxfam mostra que há consciência de que os ricos gozam de um excessivo poder na determinação dos destinos das nações. No caso do Brasil, como mostra o gráfico abaixo, mais de 70% dos entrevistados pela Oxfam pensam que os ricos tem um poder excessivo sobre os destinos políticos do país.
Ainda que a consciência do excesso de poder gozado pelos ricos seja grande em alguns países, o que se tem visto é o aumento das chances da concentração de renda não se reverter. Entre 1980 e 2012, a renda tem se concentrado mais mesmo em países reconhecidos por terem distribuição de renda entre as mais justas do mundo. A exemplo dos países Latino Americanos, pode ser que o aumento da desigualdade, via construção de processos cumulativos de perpetuação da concentração de renda, gere mais concentração de renda. Por exemplo, como tem sido visto no Brasil, as elites econômicas também controlam os meios de comunicação e apenas veiculam informações, opiniões e versões da verdade que mais se assemelham aos seus interesses e modus vivendi. As evidências mostram que a desigualdade não só tende a piorar o desempenho econômico, como tende a perpetuar os privilégios de classes que não precisam se esforçar para manterem seu poder político e econômico.